quinta-feira, 23 de junho de 2011

Florbela Espanca




Sem remédio



Aqueles que me têm muito amor


Não sabem o que sinto e o que sou...


Não sabem que passou, um dia,a Dor


À minha porta e, nesse dia, entrou.



E é desde então que eu sinto este pavor,


Este frio que anda em mim, e que gelou


O que de bom me deu Nosso Senhor!


Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!






Sinto os passos de Dor, essa cadência


Que é já tortura infinda, que é demência!


Que é já vontade doida de gritar!






E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,


A mesma angústia funda, sem remédio,


Andando atrás de mim, sem me largar!







Postado por Cristina Schmidt

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